Perder-te não estava nos meus planos - 22ºParte

'Ah não, não se preocupem, é só porque ele vai ter alta e precisamos que a responsável por ele, assine o papel da alta.'
'Ah concerteza, onde assino?'
'Se não se importar venha ali comigo, o papel está na recepção'.
'Claro, venho já meninas.'
A tua mãe dirigiu-se então à recepção e nós ficamos ali à espera.
'Pronto, ele se vai ter alta é porque já está bom, agora fazes o favor de tirar esse ar de preocupação.'
'Sim tens razão Joana, ai mas finalmente!'
'Vou mandar mensagem à tua mãe a dizer.'
'Tá' bem, manda-lhe um beijinho.'
Entretanto a tua mãe chegou de novo ao pé de nós, e informo-nos que tu primeiro ias fazer uns exames e só lá por voltas das 14h00 é que podias sair.
Bem ainda faltavam umas horas, mas para quem já tinha esperado tanto, não faltava muito para poderes sair dali e ir finalmente para casa.
Não tinhamos outro remédio a não ser esperar, então fomos nos sentar no sitio onde de há quase dois dias prenoitavamos, a sala de espera. Não havia mesmo nada para fazer. Lê-mos as revistas todas que lá haviam, vimos televisão, comemos o que havia para comer da máquina, conversamos de tudo e mais alguma coisa e a tão esperada hora chegou.
Eram 14h10 quando estavas a sair duma salinha em direcção ao quarto para ires buscar as tuas coisas para podermos ir embora.
A tua mãe e a Joana ficaram a tratar de tudo o que era preciso para saíres e eu fui espreitar-te ao quarto.
'Posso entrar?'
'Que pergunta! Entra.'
'Abraça-me Duarte.' Ainda não tinha acabado de falar, já te tinha agarradinho a mim, mesmo como eu precisava que estivesses.
'Tive tanto medo de não poder fazer mais isto.'
'Desculpa princesa, desculpa mesmo.'
Não precisava de ouvir nada naquele momento, apenas queria sentir-me protegida com os teus braços que envolviam o meu corpo e que me transpareciam uma calma que já não tinha à muito.
'Vamos embora daqui Duarte, elas já devem estar à nossa espera.'
E estavam mesmo, foi só entrar no carro da tua mãe e ir para casa, finalmente.
Do hospital a tua casa ainda foram uns 25 minutos, portanto foi tempo suficiente para nos contares o que te tinha acontecido.
'Então foi assim, quando saí de casa e estava a ir para a paragem, três tipos agarraram-me e começaram a pedir o meu telemóvel e o dinheiro que trazia comigo. Eu disse que não tinha, e eles não fizeram mais nada a não ser começar a dar-me socos, depois como tentei fugir, eles apanharam-me deitaram-me ao chão e eu bati com a cabeça.'
'Então mas ninguém viu nada?' Perguntei eu
'Epá não sei.'
'E se os vires, consegues identificá-los?'
'Talvez, só os vendo mesmo.'
'Meu rico filho! Temos de ir à policia.'
'Não mãe, não vale a pena.'
'Desculpa amor, mas vale sim. Mesmo que não sejam apanhados, ficam com uma queixa e se isto voltar a acontecer com mais alguém, pode ser que cheguem a alguma conclusão.'
'Dúvido, mas sim eu depois passo por lá.'

Chegámos a tua casa, e assim que a tua mãe abre a porta tivemos logo uma recepção calorosa do Osis, coitadinho durante aqueles dias ficou sozinho, e nem à rua foi. Meteu-me pena, e ofereci-me logo para ir passear com ele, enquanto a tua mãe se disponibilizou para fazer um lanchinho para nós.
'Eu vou contigo e com o Osis.'
'Não não vais. Acabaste de sair do hospital amor, ficas aí com a Joana que eu não demoro muito.'
Assim foi, meti a coleira no Osis e lá fui eu. Devo ter demorado uns 20 minutos, e quando voltei deparei-me com um lanche que mais parecia que não comiamos à duas semanas. Bem, digamos que soube que nem ginjas, realmente comidas de máquinas não são grande coisa.
'Eish, tenho de me ir embora! Muito obrigada por tudo Dona Ana, adeus meninos, vemos-nos amanhã na escola.' Mal diz isto, abre a porta e vai-se embora.
'Adeus Joana!' Mas acho que já não me ouviu.
Ficamos só nós os três, quer dizer, nós os quatro, sim porque o Osis faz questão de nos relembrar que também existe.
'Anda lá dentro Duarte.' disse eu.
'Siga lá então.'

(..)

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