Perder-te não estava nos meus planos - 5ª Parte

Começámos a correr pela a avenida principal, estava cheia de gente, não era o lugar mais apropriado para o fazer e de mãos dadas ainda por cima, as pessoas literalmente eram arrastadas por nós. Tive receio de magoar alguém, mas deixei-me levar.
'Desculpe, mas é que eu estou apaixonado e não tenho tempo a perder'
'Óh então, não sejas doido.'
'Sou, sou doido por ti, e esta gente merece saber que sou o rapaz mais feliz que está aqui.'
Ai, eu só me ria, limitava-me acompanhar-lo na corrida e a pedir desculpa as pessoas que coitadas, primeiro ficavam com a sensação que estavamos a fugir de alguém, mas depois de ouvi-lo, não tinham outro rémedio se não rir.
Corremos a avenida toda, e fomos dar a uma rua estreitinha onde eu nunca tinha estado. Essa rua ia dar a um sitio completamente maravilhoso, não fazia ideia que tal sitio existise muito menos ali, tão perto da cidade. Parecia um cenário de filme, ervas altas verdinhas, flores por todo o lado, podia-se avistar uma montanha no horizonte e como já estava a escurecer, a vista era incrível. Estava incrédula, como é que eu nunca tinha descoberto aquele sitio?
'Uau, que l-i-n-d-o.' Larguei-lhe a mão e comecei a correr pelas ervas fora, parecia uma criança na sua pura inocência. Ele ria-se e limitava-se a observar, não se atreveu a acabar com a alegria que transparecia.
Até que me sentei então no meio das ervas e ele aproximou-se.
'Gostas-te?'
'Gostei? Amei, isto é incrível'
Deitou-se sobre as ervas e eu fiz o mesmo, coloquei a cabeça na sua barriga, e aí tranquilizámos, o cansaço já estava a fazer-se notar. Tinha sido um dia cheio de emoções e estar ali agora, foi a melhor maneira de o acabar.
'Eish, já são quase 8 da noite, e eu não disse nada à minha mãe, daqui a bocado tenho a polícia à minha procura, disse-lhe que ia ao café quando fui ter contigo e nunca mais dei noticias.' Não me tinha apercebido que o tempo passara a correr. 'Vou ligar-lhe, a dizer que estou quase a chegar.'
'Não, espera.'
'Ai tem de ser, olha que a minha mãe ainda me mete as malas à porta.'
'Fica comigo.'
'Oh amor, claro que fico contigo, para sempre.'
'Não é isso tonta, fica comigo hoje, lá em casa.'
Não respondi, senti um nervoso miudinho.
'Ficamos a ver um filme, jantamos e depois descansamos que estamos a precisar'
Era uma proposta tentadora de facto, mas a minha mãe não ia achar muita graça.
Levantámo-nos os dois, e eu pego no telemóvel, não tinha lá nenhuma chamada dela, achei estranho ela não me ter ligado, será que ela percebeu que eu vinha ter contigo? Liguei-lhe.
'Estou mãe, está tudo bem?'
'Está filha, está tudo bem e contigo também, suponho!'
'Ah, está está,(Que raios, intuito de mãe não falha) olha mãe posso ficar em casa da Sofia?'
'Ah, a Sofia, sim sim estou a ver. Então se eu ligar para os pais dela, eles confirmam que tu estás lá em casa, não é?'
'NÃO.., os pais dela não vão estar em casa.'
Pronto, a voz irónica dela, não enganava ninguém, ela percebeu que não havia Sofia nenhuma.
'Vá lá mãe, já sou grandinha.'
'És, eu sei. Vá JUÍZO.'
'Sim mãe, confia em mim. Obrigada, Beijão.'
Ia a desligar o telemóvel, quando apressadamente ele diz: 'Adeus Dona Teresa'.
'Ai não acredito, tás parvo? Daqui a bocado ela aparece em tua casa.'
'Não te preocupes, ela sabe que eu sou um menino bem-comportado.'
Já estava a ficar escuro e sentia-se uma aragem fresca, e é então que ele tira o casaco mete por cima das minhas costas, pega em mim, como quem pega num saco de batatas e corre avenida fora na direcção da sua casa.

Continua.

3 comentários:

Sara C. disse...

Que lindo, que lindo, que lindoo .

Mariana disse...

ó meu deus, está tão bonito ! *-*

Mariana B disse...

tens um selo no meu blog, pra ti. sou uma fofa.