1 ano.
Passou 1 ano.
Não sei o que pensar.
Às vezes ainda me custa acreditar que isto tenha acontecido. Que eu esteja realmente a passar por isto.
Isto que é um sofrimento, uma tristeza que nunca tinha sentido antes.
Mas às vezes sinto-me bem e quase que acredito que um desgosto de amor não custa assim tanto.
Às vezes choro o dia todo.
Mas às vezes mal me lembro de me lembrar de ti.
Às vezes evito sequer pensar.
Mas às vezes esforço-me para pensar, às vezes quero tocar na ferida.
Às vezes estou bem e às vezes estou mesmo, mesmo mal.
A verdade é que passou 1 ano e eu não sei bem como estou.
Lembro-me como se fosse hoje. Como se tivesse sido há 10 minutos. Lembro-me de começar a desejar que o tempo passasse para a dor atenuar, para a dor passar. Toda a gente dizia que eu precisava de tempo para me recompor.
A verdade é que o tempo passou. Passou 1 ano e a minha vida mudou. Mesmo. E verdade seja dita ainda não acho que tenha sido para melhor.
Talvez já não sinta tanto a tua falta, mas cada vez mais sinto a minha (falta)
Sinto-me tão diferente, tão sem luz, sabes? Sem a alegria diária inconsciente.
Agora esforço-me para estar alegre. Esforço-me para tentar ser um bocadinho daquilo que eu era, daquilo que eu me lembro que era.
De facto não se morre de amor, mas também não se fica igual depois da sua partida.
Ainda parece mentira tu teres sido a minha pessoa preferida no mundo. Como é que pode ter sido possível se hoje não sei nada de ti?
Nunca. Nunca mais procurei por ti.
Nunca. Nunca mais soube de ti.
Nunca. Nunca mais te olhei nos olhos.
Nunca. Nunca mais senti o teu cheiro, toquei a tua pele e beijei os teus lábios.
Mas às vezes, em sonhos, em devaneios, em memórias, eu fiz isso tudo. Aliás, faço.
Ainda estás tão presente que parece que estás aqui. Que não foste embora. Que não escolheste ir embora.
Por isso é que não sei como estou.
Acredito, ou esforço-me para acreditar que o universo não tira nada em vão e que devolve sempre algo melhor.
Sempre que acho que isto foi uma coisa boa, é porque me estou a tentar mentalizar, a acreditar em mim própria, porque afinal quem pensa positivo torna tudo mais facil.
E fácil é que este processo não tem sido.
Tenho medo do futuro, o presente deixa-me ansiosa e o passado deixa-me triste.
Não consigo olhar para trás e sorrir. E houve, tanta, tanta coisa boa. Mas como não se vai voltar a repetir, mesmo o bom deixa-me triste e com vontade de chorar. Muita.
Quando choro, choro muito. Mesmo.
E é aí que acho que vou chorar o resto dos meus dias.
É impossível eu voltar a ser feliz como fui.
Genuinamente, sem medos, sem termos de comparação, sem um passado amoroso.
É tão difícil seguir com a vida depois dos nossos projetos, sonhos e desejos terem ido por água abaixo.
É tão difícil aceitar que estive a batalhar sozinha.
É tão difícil perceber que não estávamos no mesmo tempo.
É tão difícil recordar as tuas últimas palavras.
É tão difícil saber que a tua decisão foi consciente e que era mesmo o que querias.
É tão difícil.
Confesso que já não sonho com o teu regresso. Durante muitos meses ainda desejava que aparecesses na minha porta, que te mostrasses arrependido, que me procurasses. Mas agora já não.
A única coisa que aceitei até agora foi precisamente saber que não vais voltar. Nunca.
Nunca mais.
Já não há esperança.
Já não há sonhos onde te possa incluir.
Já não há planos para o futuro.
Contigo, pelo menos.
Eu não me quero perder de mim. Mais do que já estou.
Não posso.
Eu não sei como é que vou estar daqui a 1 ano.
Mas espero vir aqui dizer que já não escrevo para ti. Que já não penso em ti todos os dias. Que já não és tu a razão da minha tristeza.
Espero mesmo.
Peço-te uma última coisa.
Saí de mim.
Sê feliz.
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