ainda bem

Estou no meu quarto. Na Polónia. Sim, eu tenho o meu quarto na Polónia. Não é que me identifique com ele, mas agora é o que tenho. São apenas paredes brancas à minha volta que guardam as coisas que trouxe de Portugal. Mas hoje ainda bem que o tenho. Já o tenho há sensivelmente dois meses, e ainda me restam outros dois meses e pouco nele. São 18h00 aqui, uma hora a mais do que em aí. E aqui já está de noite desde as 16h. Por isso hoje não vi a luz do dia. Não quis. Aqui não há estores, mas arranjei maneira de ter o quarto o mais escuro possível durante a noite, e como acordei tarde pouca luz entrou pela janela. Mas ainda bem. Hoje tudo me está a fazer falta. Tudo me está a deixar triste. Hoje tudo me dá vontade de apanhar um avião e ir para o conforto da minha casa, para os mimos dos meus pais e para o abraço quente do meu namorado. Que falta que me faz tudo. Que feliz que sou em Portugal e nem tinha percebido. Por isso, hoje estou aqui no meu quarto a desejar sentir os cheiros de minha casa, o ladrar do meu cão, o beijo do meu pai e o toque do Diogo, e outras tantas coisas insignificantes, achava eu, que me fazem realmente feliz. Mas hoje ainda bem que o tenho para puder estar só com as lembranças, os desejos e as saudades. Está aqui tudo preso comigo nestas paredes brancas.